Idade Moderna

O periodo histórico chamado de Idade Média termina no século XV, mais precisamente no dia 29 de maio de 1453, data que marca a tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos otomanos. Ai começa a Idade Moderna, que termina três séculos depois em 14 de julho de 1789, data do início da Revolução Francesa.

A Idade Moderna é característica do Ocidente.

Esse período caracterizou-se por uma fase de grandes transformações, revoluções e mudanças na mentalidade ocidental, tanto econômicas, científicas, sociais como religiosas. Os principais acontecimentos decorrentes dessas mudanças foram: as Grandes Navegações, o Mercantilismo, a Reforma Religiosa, o Absolutismo, o Iluminismo, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e o Renascimento, que começa na Idade Média.

Estas mudanças aconteceram porque a população foi crescendo e as pessoas saiam dos feudos para morar em cidades, os burgos. Além de se dedicarem à agricultura, como sempre fizeram, começaram a produzir muitos objetos feitos á mão, os artesanatos. Algumas novidades foram inventadas que facilitavam a vida e a locomoção das pessoas, como a bússola, o astrolábio,                                    .

Estas mudanças fizeram surgir uma ideia nova de economia, era o capitalismo substituindo o feudalismo. Quem tinha o dinheiro tinha o poder. Os reis eram os chefes, mas não tinham muito dinheiro, havia nobres feudais e pessoas que eram mais ricos que o próprio rei. Os ricos, chamados burgueses porque moravam nos burgos e não nos castelos, emprestavam dinheiro aos reis para que estes pudessem ter mais poder, então esta aliança rei-burguesia deu mais poder aos reis e transformou os burgueses em homens fortes na economia dos povos. Era o novo sistema financeiro que surgia, chamado capitalismo.

Vamos ver, em linhas gerais, quais foram os grandes acontecimentos desta idade que durou três séculos.

Grandes navegações

Pinturas sobre os grandes navegadores portugueses e espanhóis

No começo da Idade Moderna, as pessoas só conheciam os mares ao redor de onde moravam, só navegavam próximos da costa, pois acreditavam em muitas lendas. Acreditavam que a Terra fosse quadrada e que se fossem muito longe da costa cairiam em um precipício; acreditavam que nos mares havia monstros marinhos que devoravam as embarcações, no canto das sereias e em muitas outras. Estas lendas faziam com que não navegassem longe da terra.

O mar mais conhecido e famoso da época era o Mar Mediterrâneo, porque era cercado por inúmeros países que negociavam entre si. Os povos do ocidente gostavam muito dos produtos produzidos no oriente, como a seda, porcelanas, tapetes e, principalmente as especiarias.

No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais – Índia era o principal – os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.

Outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.

As grandes navegações tiveram dois polos, Portugal e Espanha.

Navegação portuguesa

No fim da Idade Média o Mar Mediterrâneo era o principal ponto de ligação entre os países conhecidos. Era por ele que as mercadorias orientais eram levadas para o Ocidente, passando por inúmeros portos e intermediários que encareciam o produto. Com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, o problema ficou ainda maior, porque os turcos cobravam altas taxas das caravanas, encarecendo ainda mais os produtos. Tornou-se necessário descobrir novas rotas marítimas por “mares nunca dantes navegados”. O início da Idade Moderna marca o início das Grandes Navegações. Dos países banhados pelo Oceano Atlântico, até então desconhecido além da costa, Portugal tinha todas as qualidades necessárias para ser pioneiro: tinha bons portos e familiaridade com o mar por causa da pesca, uma burguesia enriquecida, paz interna e centralização do poder nas mãos de um rei. Os portugueses se lançaram à aventura de uma navegação num oceano desconhecido, o Atlântico. Fundaram a Escola de Sagres, que desenvolveu a bússola e o astrolábio, os sextantes que permitiam melhor observação dos astros, a cartografia e a inovação da caravela, possibilitando a travessia do “Mar Tenebroso”. Iniciaram suas viagens viajando para o Leste, pelo norte da África, tomando Ceuta, importante centro de especiarias e chegando a Calecute, na Índia, em 1498. Foi por esta rota que descobriram o Brasil, em 1500.

Navegação espanhola

Dois motivos atrasaram o início da navegação espanhola em um século: o domíno dos mouros e a necessidade de encontrar uma rota diferente da portuguesa. Após a expulsão dos mouros, os reinos de Aragão e Castela se uniram com o casamento de D. Fernando e Da. Isabel. A busca de outra rota foi entregue a Cristovão Colombo, que acreditava que a Terra fosse redonda. Com esta ideia partiu em busca das Índias viajando para Oeste, e teria chegado a seu destino se no meio do caminho não estive a América. Assim foi, que mesmo tendo iniciado as navegações um século depois, fizeram uma grande descoberta, a do continente americano, em 1492. Pensando ter chegado às Índias, deu o nome de índios aos habitantes da ilha de Guanaani. A descoberta da América provocou uma disputa entre os dois reinos ibéricos, resolvida pelo tratado de Tordesilhas, que determinava que as terras situadas a leste da linha de Trodesilhas pertenceriam à Portugal e as situadas a oeste pertenceriam à Espanha.

Renascimento

Pintura representativa do Renascimento

Durante a Idade Média imperavam os ideais religiosos, os acontecimentos históricos se explicavam pela vontade de Deus, as artes, ciência e literatura eram inspirados pelo pensamento religioso. Este modo de pensar começou a ser modificado no final da Idade Média, onde o homem passou a ter importância, determinando ele mesmo  sua vontade. O mundo passa a ser o cenário das ações humanas, e a natureza torna-se objeto de inspiração para artistas e cientistas. Era como se a Idade Média renascesse da Idade Antiga, mais culta e artística, dai o termo renascimento para esta mudança científica, artística e cultural. O Renascimento começou na Itália, onde nobres senhores enriquecidos começaram a financiar e proteger artistas, cientistas e literatos. Eles eram chamado mecenas. As origens do Renascimento repousam sobre vários fatores: humanismo (o homem como centro das idéias), queda de Constantinopla (migração dos intelectuais para a Itália), apoio dos mecenas, invenção da imprensa, abertura de universidades, retorno à cultura greco-romana, racionalismo (uso da razão), hedonismo (busca do prazer de viver) e  neoplatonismo (retorno às ideias de Platão, e distanciamento da Igreja).

Mercantilismo

Comércio no mercantilismo

O comércio passa a ser a nova ordem econômica adotada pelas nações europeias entre os séculos XV e XVIII. Já haviam surgido alguns aspectos de mercantilismo na Baixa Idade Média, na época de formação das monarquias nacionais, quando os burgueses passaram a financiar os reis em troca de proteção ao seu comércio, porém, foi somente na Idade Moderna (XV a XVIII) que ele se firmou como política econômica nacional e atingiu o seu desenvolvimento. Enquanto as monarquias europeias foram se firmando como Estados modernos, os reis recebiam o apoio da burguesia comercial, que buscava a expansão do comércio para fora das fronteiras do país. Além disso, o Estado lhe concedia o monopólio das atividades mercantis e defendia o comércio nacional e colonial da interferência de grupos estrangeiros.

Este tipo de economia é considerado como transição entre o feudalismo e o capitalismo, portanto não é considerado um sistema econômico, mas sim uma prática comercial, pois não havia produção.

A prática comercial levou a um raciocínio elementar, a “exportação” de produtos é que traria riquezas que podiam ser acumuladas, portanto dever-se-ia exportar mais do que importar, para acumular moedas dentro do país. Nasce um novo marco na economia, o metalismo.

Reforma

Os personagens que fizeram a Reforma

As discussões religiosas surgidas com o humanismo, a excessiva autoridade papal, o controle da Igreja sobre as leis de mercado, a cobrança obrigatória do dízimo, a decadência moral do clero e a venda de indulgências levaram ao

declínio da Igreja Católica que passou a ser contestada e combatida. A situação se agravou mais com o cisma da Igreja, que passou a ter dois papas, um em Roma e outro em Avinhão na França.

Na Alemanha, empobrecida, sem poder centralizador, esmagada por tributos e pelo dízimo obrigatório e sobretudo pela venda de indulgências, surgiu um monge que revolucionou o cristianismo, foi Lutero. Tetzel, monge dominicano foi enviado à Alemanha para vender indulgências a quem contribuisse com donativos para a construção da Basílica de S. Pedro. Lutero, monge agostiniano, combatia a venda das indulgências e foi ameaçado de excomunhão. Revoltado publicou, na Catedral de Wittenberg, 95 teses contrárias a práticas católicas. Começava uma nova Igreja, conhecida como Igreja Protestante.

Contra-reforma

Pintura do Concílio de Trento, que estabeleceu as normas da Contra-Reforma

A expansão rápida do protestantismo e a pressão dos católicos para a moralização de sua religião fizeram surgir uma reação para afirmar o credo católico. Esse movimento foi liderado pela ordem dos Capuchinhos, que viviam na austeridade tradicional, e pelo cardeal Ximenes, da Universidade de Salamanca. Mas a Igreja só conseguiu reafirmar-se definitivamente após a promulgação das resoluções do Concílio de Trento, reunido entre 1545 e 1563 na cidade de Trento, na Itália, que estabeleceu: rejeição ao protestantismo, manutenção dos Sete Sacramentos, obrigatoriedade do latim, nas missas, manutenção do celibato, fim da venda das indulgênias, restauração da Inquisição, criação do Index ( censura literária), criação da Companhia de Jesus e reafirmação da doutrina das Boas Obras. Uma das grandes contradições entre as duas Igrejas era a fé e as boas obras. Os protestantes afirmavam que o homem era salvo pela fé e os católicos diziam que a salvação está nas boas obras.

A reabilitação moral da Igreja deteve o avanço do protestantismo, mas não impediu a divisão de doutrinas. A partir da Reforma, o mundo não estava mais submetido à supremacia da Igreja Romana.

Absolutismo

Luiz XIV, o Rei-Sol

Na Idade Média havia a figura do rei e de seus nobres, o rei representando a autoridade máxima, mas não detendo todo o poder. Com o início da Idade Moderna e as modificações que foram acontecendo, o poder do rei foi aumentando, centralizando todas as decisões em suas mãos. O rei era o senhor absoluto, dai a instituição de uma nova ordem, o Absolutismo. Várias foram as causas que levaram a esta centralização do poder: a tradição feudal, que via no rei o senhor; a ampliação dos domínios por conquistas ou alianças de família, o apoio da burguesia, que oprimida pela nobreza resolveu bancar o poder real; o apoio da Igreja; a decadência da cavalaria feudal, a criação de exércitos reais permanentes; a proibição, aos vassalos, de formar exércitos, cunhar moedas e guerrear entre si. Isto tudo deu ao rei um poder enorme, absoluto, indiscutível. O rei passa a ser senhor absoluto, símbolo nacional. Ele é quem faz as leis, aplica a justiça, cuida das finanças e estabelece a hierarquia dos funcionários; enfim, ele é a fonte de todos os poderes. São exemplos de reis absolutistas Felipe II, da Espanha, Elizabeth I, da Inglaterra e Luiz XIV, da França.

Iluminismo

Pintura de uma reunião dos iluministas

A estrutura social, na Europa, sofreu transformações, iniciadas com um movimento intelectual que dava uma nova ideia sobre a ordem social. Este processo de modificações para corrigir as desigualdades sociais, garantindo os direitos naturais do indivíduo, como a liberdade e a posse de bens, foi chamado de Iluminismo ou Época das Luzes, por ser um movimento global, abrangendo o campo da filosofia, política, sociedade, economia e cultura, que defendia o uso da razão como o melhor caminho para se alcançar a lberdade, a autonomia e a emancipação. O centro dos pensadores Iluministas foi Paris, por isto chamada de Cidade Luz.

Os pensadores iluministas, chamados de “filósofos”, provocaram uma revolução intelectual na história do pensamento moderno. Esses pensadores defendiam acima de tudo a liberdade e eram partidários da ideia de progresso, procurando uma explicação racional para tudo. O principal objetivo dos filósofos era a busca da felicidade humana. Rejeitavam a injustiça, a intolerância religiosa e os privilégios. Acreditavam na presença de Deus, na natureza e no homem, que podia descobri-lo por meio da razão, daí a ideia de tolerância e de uma religião baseada na crença em um ser supremo. René Descartes foi o precursor dos Iluministas e Jean Jacques Rousseau foi o mais radical e popular.

Revolução Francesa

Pintura de uma decapitação na Revolução Francesa

A maior expressão de influência do Iluminismo foi a Revolução Francesa. Com a popularização das ideias iluministas, o povo francês viu a possibilidade de acabar com o absolutismo no país. Foi um processo revolucionário que durou dez anos, de 1789 à 1799, culminando com a queda de Luiz XVI. Ela começou com um caráter burguês, mas teve a participação popular que sofria com os desmandos da realeza.

A Revolução Francesa foi um marco na história da humanidade, porque inaugurou um processo que levou à universalização dos direitos sociais e das liberdades individuais a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa revolução também abriu caminho para a consolidação de um sistema republicano pautado pela representatividade popular, hoje chamado de democracia representativa.

Revolução industrial

Pintura de uma indústria em funcionamento, no século XVIII

A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e que se espalhou pelo mundo causando grandes transformações que garantiram o surgimento da indústria e a formação do capitalismo.

O nascimento da indústria causou grandes transformações na economia mundial, revolucionou o estilo de vida da humanidade, mudou o processo de produção e as relações de trabalho, além de interferir nos meios de transporte e comunicação.

Os pioneiros da revolução industrial foram os ingleses, pois o divisor de águas entre o artesanato e a indústria foi a invenção da máquina a vapor, que se deu na Inglaterra.

O avanço tecnológico característico da Revolução Industrial permitiu um grande desenvolvimento de maquinário voltado para a produção têxtil, isto é, de roupas. Com isso, uma série de máquinas, como a “spinning Jenny”, “spinning frame”, “water frame” e a “spinning mule”, foram criadas para tecer fios. Com essas máquinas, era possível tecer uma quantidade de fios que manualmente seria necessária a utilização de várias pessoas.

A grande força propulsora do desenvolvimento econômico da revolução industrial foi a criação da locomotiva que permitiu transporte rápido e eficiente através das estradas de ferro construídas por toda a Inglaterra.

A construção das estradas de ferro contribuiu para ampliar o crescimento industrial, uma vez que diminuiu as distâncias ao tornar as viagens mais curtas aumentando a capacidade de locomoção de mercadorias.

O desenvolvimento das estradas de ferro foi uma consequência da prosperidade da indústria inglesa, uma vez que os financiadores de sua construção foram exatamente os capitalistas que prosperaram na Revolução Industrial. Como a indústria inglesa não conseguia colocar todo o excedente de produção era necessário um meio de transporte que fizesse o produto chegar rápido ao consumidor. A solução foi investir nas estradas de ferro.

Então começa o processo econômico que vai desaguar na industrialização dos países.